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28/12/2021 Brasil está atento para evitar entrada da Peste Suína Africana

A PSA é uma doença viral que afeta apenas os suínos e é altamente contagiosa, não tem cura nem tratamento.

Em julho deste ano um alerta soou para a sanidade animal no Brasil, especialmente no setor da suinocultura. A identificação de um foco de Peste Suína Africana (PSA) na República Dominicana fez com que autoridades, pesquisadores e produtores voltassem o foco novamente para essa doença que está erradicada no Brasil desde o fim da década de 1970.

O retorno da PSA ao País pode causar um prejuízo de aproximadamente 5,5 bilhões de dólares no primeiro ano. “Esse dado foi calculado no impacto econômico da introdução da PSA nos Estados Unidos, que estimou em 16,5 bilhões de dólares no primeiro ano de surto, e no número de matrizes suínas em ambos os países”, explicou a pesquisadora da Embrapa Janice Zanella, virologista da área de suínos. 

“As carnes brasileiras trazem aproximadamente 15 bilhões de dólares de divisas para o Brasil, que exporta hoje 23% da carne suína produzida. Pela lei da oferta e procura, toda essa carne iria ’sobrar‘ e causar uma grande queda dos preços, levando a prejuízos para os produtores e desemprego tanto direto como indireto da cadeia da carne suína no Brasil”, completa o pesquisador Luizinho Caron, também da área de virologia da Embrapa Suínos e Aves

A PSA é uma doença viral que afeta apenas os suínos e é altamente contagiosa, não tem cura nem tratamento, causando elevada mortalidade no rebanho. De acordo com os pesquisadores, atualmente cerca de 78% dos rebanhos suínos do mundo estão em condição endêmica ou de alto risco para a PSA. E, ao surgir a doença na República Dominicana, estudos epidemiológicos foram feitos para determinar a extensão do surto e medidas para a contenção foram adotadas para eliminar os focos da doença, evitando a disseminação. “Assim como o vírus chegou a essa ilha das Américas, também pode ter chegado a outros países. O importante neste momento é auxiliar os países com a infecção a eliminar a doença e melhorar as medidas de biosseguridade para evitar a entrada e eventuais pontos frágeis”, explica Caron.

É importante os países atingidos estarem preparados para reconhecer e diagnosticar a enfermidade com a maior rapidez possível, uma vez que é impossível ter medidas mitigatórias que garantam risco zero para a entrada da enfermidade. Zanella complementa que, por isso, é necessário que se trabalhe em conjunto com a saúde animal dos países afetados para controlar e erradicar a doença. 

Orientações ao produtor:

  • Evitar visitas à granja e monitorar todos os visitantes cumprindo todos os protocolos de sanidade.
  • Reportar às autoridades sanitárias quaisquer alterações consideradas importantes nos animais: doenças hemorrágicas, mortes suspeitas.
  • Atenção à alimentação dos animais evitando que comam restos de alimentação humana, especialmente se contiver carne suína.
  • Combater o transporte ilegal de animais, sempre sujeito a riscos sanitários.
  • Seguir as leis, normas e recomendações de biosseguridade e investir nessa área a fim de manter as instalações seguras.

O Brasil se mantém fora dessa lista de países endêmicos e os pesquisadores frisam que essa condição se deve ao avanço da biosseguridade da suinocultura brasileira, tanto nas granjas, como nas medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a importação de animais ou seus produtos e derivados para evitar a entrada de doenças.

Além disso, os sistemas de vigilância e controle da saúde animal são atuantes e estruturados, muito diferente de 1978 quando a doença chegou ao Brasil. “Uma prova da eficiência dos nossos serviços de vigilância e defesa da saúde animal é que vários países vizinhos são endêmicos para enfermidades dos suínos como PEDV (Diarreia Epidêmica dos Suínos) e PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratórias dos Suínos) e essas enfermidades ainda não foram diagnosticadas nos rebanhos do Brasil”, declara Zanella.

Para evitar a chegada da doença, muitas medidas estão em vigor para garantir a segurança sanitária da carne suína brasileira, como a inspeção. “Temos um sistema de leis e normas legais, Sistema de Vigilância Sanitária, normas de importação para animais vivos com quarentena em local seguro (Ilha de Cananéia, SP), seguimos as normas da OIE para importação de produtos de origem animal”, numera Caron. 

O Brasil tem ainda um Plano de Contingência Sanitária para o caso de identificação de suspeita de surto para Peste Suína Africana, além de inspeção ante e post mortem nos frigoríficos. “O objetivo é que não sejam abatidos ou sejam considerados aptos para consumo animais com problemas para a saúde pública.

Nesse trabalho são identificadas e notificadas suspeitas de saúde animal.” Outras normas que garantem a sanidade dos rebanhos brasileiros é a proibição da criação de suínos em lixões e alimentação com restos de comida. Recentemente foi implementado o Plano Integrado de Sanidade Suína, o que inclui monitoramento para PRRS e PSA, além de controle e monitoramento de suídeos asselvajados. A rede de laboratórios oficiais do Mapa garante a realização do diagnóstico contra enfermidades de notificação obrigatória como a PSA. 

Fonte: Embrapa Suínos e Aves

 

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