27/10/2020 - Como o processo de vacinação pode afetar a monitoria sorológica de aves de ciclo longo?
"Muitas vezes esquecemos que o processo de vacinação é tão importante quanto o produto, e também impacta neste resultado"
A monitoria sorológica é uma das principais ferramentas para averiguação da proteção vacinal em aves de ciclo longo. Estas aves, recebem vacinas inativadas, com a finalidade de elevar os títulos de anticorpos e, consequentemente, promover uma proteção mais duradoura, pois os anticorpos específicos, oriundos de uma imunização ativa, geralmente, perduram por longos períodos.
Quando falamos em resultados de sorologia, é natural que logo pensemos em qualidade ou potência da vacina utilizada, visto que existes muitas variáveis no produto, que podem interferir nesta resposta como: adjuvantes, tipo de emulsão, concentração e tipo do antígeno etc. Mas muitas vezes esquecemos que o processo de vacinação é tão importante quanto o produto, e também impacta neste resultado.
O processo de vacinação evoluiu muito pouco nos últimos anos. Tivemos alguma evolução no que se refere a equipamentos de vacinação, mesmo assim são equipamentos que estão muito dependentes do fator humano. Exceto pelo processo de vacinação in ovo, este já consolidado no Brasil, e foi um grande passo para a automação dos incubatórios.
No caso da vacinação a campo, temos as seringas de precisão, bastante usadas na vacinação intramuscular, mas estas, também tem o homem como peça fundamental para a qualidade do processo, visto que é totalmente manual.
Um trabalho realizado em 2012, em Israel, mostra que o simples fato de a equipe de vacinação saber que está sendo avaliada, altera a sorologia das aves (Gráfico 1). Isso mostra claramente que o processo de vacinação é uma parte essencial do resultado.
Gráfico 1. Titulação de HI para TE (Meningoencefalite Viral de Perus) em lotes onde os vacinadores não sabiam da monitoria (G1 e G2) versus vacinadores que sabiam que estavam sendo monitorados (Monitor.) - Adaptado de Beny Perelman et al, Israel Journal of Veterinary Medicine Vol 67 (3) Sep. 2012
Novos equipamentos de vacinação, com uma nova proposta, onde o erro humano é minimizado e o processo de coleta, compartilhamento e armazenamento de dados do processo, possibilita correções pontuais, e também, a tomada de decisões mais estratégicas e de longo prazo. Estes equipamentos usam e abusam da internet das coisas e usam a tecnologia 4.0 a seu favor.
Na avicultura trabalhamos com vacinações massais, onde muitos animais são tratados ao mesmo tempo. Neste processo nós temos o lote como unidade epidemiológica, e todos os animais do lote devem ser o mais uniforme possível. Quando falamos em processo eficiente, devemos garantir que todos os animais recebam a mesma dose, em um mesmo momento e por isso, devem se comportar, sanitariamente, de um modo muito parecido.
Os equipamentos automatizados trouxeram a processo de vacinação para os dias atuais, elevando o status sanitário das aves e transformando este processo em um ponto crítico de controle da produção.
Nem todo animal que recebeu a vacina esta imunizado, pois existem diferentes fatores que contribuem para a eficácia da vacinação, fatores que variam desde a armazenagem correta do produto, até erros de aplicação como dose incompleta, vacinação a partir de frascos vazios ou mesmo aplicação em local errado, podem alterar os resultados sorológicos. Quanto mais controlado for este processo de vacinação, menores são as chances de erros. Um lote bem vacinado, tende a apresentar títulos sorológicos mais uniformes, com um abaixo coeficiente de variação. Esta uniformidade diminui a quantidade de indivíduos susceptíveis na população, e no caso de reprodutoras, isso também se reflete da transferência de anticorpos para a progênie.
Fonte: Redação Avicultura Industrial