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16/02/2023 - Uruguai confirma primeiro caso de influenza aviária

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca do Uruguai confirmou ontem o primeiro caso no país de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP, com vírus de subtipo predominante H5N1) em um cisne-de-pescoço-preto na Lagoa Garzón, no sudeste do país. A detecção do vírus causa preocupação ao setor avícola no Brasil, país livre da doença e segundo maior exportador de carne de frango do mundo. “Já havia tido caso da doença na Bolívia, mas em um local mais distante, na Argentina também, mas, agora, um registro a 180 quilômetros, na fronteira do Brasil com o Uruguai, aumenta ainda mais a nossa vigilância”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em coletiva de imprensa organizada após o anúncio pelo governo do Uruguai. “Hoje não dá para dizer nem que vai vir nem que não virá, ela pode acontecer e pode não acontecer. O que a gente sabe agora é que aumentou o nível de risco”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

Uma vez que já há casos muito próximos, o que o Brasil deve fazer agora é estar pronto aplicar o plano de contingência determinado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), como opina a pós-doutora em Ciência Animal e professora da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Liris Kindlein. Os protocolos estão no “Plano de vigilância de Influenza Aviária e Doença de Newcastle”, publicado pelo Mapa em julho de 2022. “O mais importante neste momento é a rápida identificação, diagnóstico e eliminação”, enfatiza Liris. De acordo com a professora, não só devem ser abatidos os animais no foco, como também aqueles ao redor. Ela acrescenta que, por enquanto, a maioria das granjas brasileiras está com restrição de visitas ou exigem vazio sanitário de 14 dias para pessoas que vão adentrar os estabelecimentos. Santin também reforça que a ABPA está orientando a proibição de visitas às granjas.

Se os casos aparecerem e ficarem só em aves silvestres, diz Liris, não há grandes ameaças, mas a maior preocupação dos brasileiros é que a doença chegue nas aves poedeiras, que no país são criadas em grande escala. Ela afirma, ainda, que embora as autoridades sanitárias brasileiras tenham um plano de contingência, é interessante que cada empresa tenha seu próprio plano.

Outra preocupação é com possíveis restrições à exportação caso o vírus chegue no Brasil. Ricardo Santin explica que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) não orienta que os países restrinjam importações de lugares que detectaram a doença apenas em aves silvestres. Porém, ele admite que pode haver restrição de exportações para países que exigem que toda a nação seja livre da doença ou que a granja exportadora não esteja a determinada distância de municípios que confirmaram casos. “Mas a regra geral é de que não pára nada se ocorrer em aves silvestres”, afirma.

O ministro Carlos Fávaro garantiu que a pasta vai aumentar a fiscalização. Ele lembra que aves com sintomas da doença foram encontradas na Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, e em Manaus, mas que os testes voltaram negativos. Ele afirma que o trânsito nas divisas continua. Fávaro também reforçou que o consumo de carne de frango e ovos não transmite o vírus. A ocorrência da doença em humanos também é muito rara.

Fonte: Jornal Correio do Povo
Créditos da Imagem: Flickr/Correio do Povo

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