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13/09/2022 - Sistemas de ambiência devem ser prioridade em novos galpões

Quando o assunto é bem-estar animal uma das grandes preocupações do avicultor é com relação à ambiência nos aviários, fator que exerce influência direta nos principais custos de produção: alimentação e energia elétrica. Ao assegurar conforto térmico das aves, umidade apropriada, qualidade da cama e do ar é possível garantir um melhor desempenho dos animais.

O técnico agrícola, graduando em Ciências Biológicas e especialista em Ambiência, Leandro Corrêa, destaca a importância de planejar um bom projeto do sistema de climatização dos galpões, fazer manutenções periódicas dos sistemas instalados na granja, levar em consideração o clima no local, dimensões do galpão, tipo de material utilizado para isolamento, modelo de sistema de contenção das aves e volume de animais alojados no momento da escolha do sistema de climatização e, principalmente, o dimensionamento dele.

“Além disso é recomendado que haja uma discussão técnica sobre as necessidades e desafios inerentes ao conforto térmico das aves. É indispensável ter uma equipe de manutenção e responsável técnico pela ambiência munidos de treinamentos sobre a operação e cuidados com os sistemas de forma geral, pois por trás de todas as insatisfações e prejuízos causados pela climatização estão as negligências desde o início do projeto, seja por falta de conhecimento operacional e/ou equipes de profissionais frente à demanda”, ressalta Corrêa.

Independentemente do sistema de criação, os produtores estão cada vez mais preocupados em fornecer a ambiência ideal às aves. Conforme o especialista, percebe-se no setor uma grande evolução nos projetos atuais, onde já é possível acompanhar construções de galpões voltadas para atender todas as necessidades das aves no quesito ambiência, com menor consumo de energia elétrica e sistemas de supervisório, softwares que permitem o acompanhamento ou intervenção remota. “A tendência são galpões que operam com menor custo de energia elétrica, mantêm as aves com ciclo produtivo por mais tempo, com melhor controle sanitário e, finalmente, com uso de dietas mais econômicas, sem comprometer performance ou qualidade dos ovos, tornando viável esse investimento”, evidencia o profissional.

Em relação às tecnologias já usadas e aquelas que precisam ainda ser difundidas para melhorar a ambiência das granjas, Corrêa cita três delas. Na primeira elenca a necessidade de utilizar materiais de melhor valor isolante nos projetos de galpões, que vão de meios mais econômicos como cortinas de PVC dupla e de boa gramatura, à utilização de telhas e placas isotérmicas. Na sequência, aponta a inclusão de inlets (janelas laterais) e sensor de CO2 em todos os projetos de climatização de galpões, independentemente da fase de criação. “Estes dois equipamentos são indispensáveis para se fazer o manejo correto da qualidade do ar, temperatura e umidade relativa, sem comprometer o conforto térmico dos animais”, afirma.

E por fim menciona a escolha de controladores de ambiência mais tecnológicos e não apenas fáceis de operar, pois a complexidade existente tem como finalidade proporcionar o gerenciamento do maior número de informações do lote e de sistemas instalados, ou seja, fazer o acompanhamento integral de ambiência e produção dos galpões.

Fatores que interferem na produção das aves

Na postura comercial, segundo Corrêa, os fatores que mais interferem na produção das aves, na maioria dos galpões, são os mesmos: falhas na manutenção de temperatura e qualidade do ar. “Atualmente, esses dois fatores são os que mais interferem na produção das aves. Isso porque, além de estarem diretamente ligados a maior incidência de mortalidades e problemas respiratórios, o mau manejo da temperatura e qualidade do ar também compromete o desenvolvimento e formação das aves na fase inicial, geram maior gasto metabólico e desbalanço eletrolítico”, explica o especialista.

Controle de ambiência

Para estabelecer o controle de ambiência e, principalmente, o conforto térmico para as aves, Corrêa diz que é necessário fazer uso de sistemas que possuam equipamentos tecnológicos, que monitoram e gerenciam o funcionamento dos equipamentos instalados, de forma estratégica, a manter dentro dos limites ideais todos os fatores inerentes ao conforto térmico, como intensidade luminosa, temperatura, umidade relativa e velocidade do vento.

Quando o objetivo é melhorar o controle ambiental nas granjas, o profissional enfatiza que não há como fugir do conceito de sistema de ventilação por pressão negativa, pois é o único sistema que permite o controle integral dos fatores que interferem no ambiente e conforto térmico das aves. “Os galpões que empregam esse sistema necessariamente são bem construídos, com estrutura, acabamento, isolamento e vedação, e possuem a relação de equipamentos e dispositivos tecnológicos indispensáveis para monitorar as condições ambientais e atuar em todos os fatores inerentes a ambiência e conforto das aves”, evidencia.

Entre os principais equipamentos e tecnologias utilizados para isolamento térmico, Corrêa cita materiais de melhor valor isolante na construção dos galpões como telhas isotérmicas, popularmente conhecidas como sanduíche, e lã de vidro, no isolamento do teto, e placas isotérmicas no isolamento das laterais dos galpões, com o propósito de se ter a menor interferência de temperatura do meio externo para o interno.

Em relação ao sistema de climatização são usados exaustores com ventilação variável, que evitam incrementos fortes de ventilação por ter o aumento gradativo de rotação; pad cooling (almofada de resfriamento) de PVC, mais robusto e resistente diante da maior necessidade de manutenção; inlets que auxiliam no controle da umidade, temperatura e qualidade do ar, sem gerar desconforto para as aves com excesso de vento; tunnel door (janelão da entrada de ar principal), que além de ser confeccionado com material de maior valor isolante (placas isotérmicas), possui o sistema de abertura por cremalheiras, garantindo maior precisão no manejo e menores necessidades de manutenção; controladores de ambiência (hardware e software) sofisticados, que além de empregarem sensores que monitoram e registram constantemente a temperatura, umidade, CO2, NH3, pressão, intensidade luminosa e velocidade do ar no interior das instalações, também manejam de forma automatizada e precisa a ambiência através dos atuadores instalados. “E ainda os controladores possuem sistemas de segurança integrados, que além de emitir sinais de alertas sonoros e visuais diante de inconformidades dos parâmetros ou acidentes, se comunicam com os profissionais cadastrados para agir em casos de emergência”, salienta o técnico agrícola.

Bem-estar e segurança das aves

De acordo com o especialista em Ambiência, para garantir o bem-estar e a segurança das aves o projeto de climatização deve ser levado em consideração antes ou durante a definição da planta do galpão. Isso porque em novas construções não é o sistema de climatização que deve se adaptar ao galpão e sim o contrário. “Sabendo o que deve ser instalado, onde e em que quantidades, possivelmente vai reduzir bastante a reincidência de problemas e falhas comuns causadas, principalmente, por subdimensionamentos de estruturas, redes elétricas e equipamentos”, pontua Corrêa.

Conforme recomendação das casas genéticas, a temperatura ideal para as aves dentro das granjas varia entre 33 e 35°C na fase inicial e 20 e 21°C na fase de crescimento e final. “A temperatura de sensação térmica das aves é maior ou menor em relação à temperatura absoluta do galpão, a depender, principalmente, da umidade e velocidade do ar no interior das instalações”, pontua.

Fonte: O Presente Rural
Créditos da imagem: Shutterstock

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