12/01/2021 - Investimento privado moderniza estrutura de controle sanitário animal no RS
Fundesa vem comprando equipamentos e reformando estruturas de inspetorias veterinárias no Interior
Mantido exclusivamente com recursos do setor privado, o Fundo de Desenvolvimento de Defesa Sanitária Animal (Fundesa) gerencia hoje quase R$ 100 milhões em recursos e, com diferentes aportes no setor público, fez os controles oficiais na área darem um salto nos últimos anos.
Além de não contar com nenhuma verba púbica, a entidade investe em melhorias nas inspetorias veterinárias estaduais e em ações que vão muito além de focar na retirada da vacina contra a febre aftosa. Na próxima sexta-feira (15), a entidade fará sua assembleia geral e apresentação do balanço de 2020 da entidade, cujas ações se avolumaram significativamente em 2020.
Ver o anúncio de um novo status sanitário para o Rio Grande do Sul por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o que pode ocorrer em maio, é a expectativa para 2021, diz o presidente do fundo, Rogério Kerber. Mas o trabalho nunca se limitou a isto, destaca o executivo. Ainda que boa parte dos investimentos feitos pelo Fundesa feitos em 2020 tenham sido com essa finalidade, as ações no setor de pecuária de leite, suínos e aves não parou.
Apenas para estimular a substituição de vacas com brucelose e tuberculose por animais saudáveis, o que exige investimento dos pecuaristas, o fundo liberou em indenizações R$ 6,7 milhões em 2020. Basicamente, o fundo compensa parte da perda do produtor com o abate do animal doente, evitando e reduzindo as contaminações no rebanho gaúcho e estimulando a ação sanitária.
“As indenizações no setor leiteiro minimizam a perda do produtor com o abate, e estimula ele a fazê-lo, inclusive. O valor de um animal doente é zero, mas indenizamos o produtor para que não deixe de fazê-lo. Até porque ele mesmo é prejudicado em seu rebanho e produtividade com uma animal contaminado”, diz Kerber.
Os recursos gerenciados pelo Fundesa tem origem em valores pagos por produtores e indústrias em contribuições sobre a produção, seja ela carne (bovina, suína ou de aves), leite ou ovos. Esses valores são calculados a partir de frações da Unidade Padrão Fiscal (UPF) do Estado. No caso de abate de um bovino, por exemplo, o produtor paga R$ 0,56 e a indústria recolhe o mesmo valor, totalizando R$ 1,12 por cabeça abatida é recolhido ao fundo.
A tecnologia é outro foco de investimentos constantes e crescentes, diz o presidente do fundo. Em 2020 foi renovado convênio com a Universidade da Carolina do Norte, dos Estados Unidos, para uso de um sistema informatizado diferenciado de controle de trânsito de animais, em valor próximo de R$ 600 mil. Kerber explica que o sistema cruza dados das Guias de Trânsito Animal (GTA) por propriedade, indicando aquelas que têm o maior volume de movimentação no rebanho (entrada e saída da propriedade). O que, segundo Kerber, naturalmente as torna mais propensas à disseminação de doenças e especialmente nas regiões de fronteira com Uruguai e Argentina.
“São milhares de GTAs emitidas todos os anos e isso não seria possível com um software qualquer ou com um simples Excel. O processamento destes dados torna o controle e fiscalização mais preciso e dirigido. Com isso, o serviço oficial tem uma ferramenta que ajuda a identificar e mitigar riscos”, explica Kerber.
Nas áreas avícola e de suínos, outro convênio, no valor de cerca de R$ 500 mil com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está gerando uma certificação ágil de controles sanitários dos criatórios gaúchos. Ao reunir digitalmente e disponibilizar rapidamente dados de aviários a qualquer interessado, além de melhorar os controles sanitários ainda se terá um diferencial a apresentar a missões internacionais em busca de proteína animal brasileira.
“O trabalho com a UFSM também inclui um controle preciso de estoques das inspetorias veterinárias gaúchas, apontando onde pode ter produto vencendo ou em falta, evitando problemas imprevistos em caso de uma emergência sanitária”, detalha Kerber.
O executivo estima que em 15 anos o Fundesa já tenha investido quase R$ 22 milhões para melhorar o sistema de controle e fiscalização animal como um todo no Rio Grande do Sul.
“Isso não começou agora, mas se acelerou nos últimos anos, lá atrás, quando se decidiu informatizar as inspetorias veterinárias comprando computadores e impressoras, porque nem isso se tinha. Tudo era feito em fichas de papel. Com os investimentos que fizemos, sistema conta com cada vez mais tecnologia e asseguro que entramos em outra Era”, diz Kerber.
Fonte: Thiago Copetti - Jornal do Comércio
Créditos da Foto: Fundesa