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07/03/2022 Desafios para manutenção do atual status sanitário avícola no Brasil

A biosseguridade em avicultura estabelece a adoção de um conjunto de medidas e procedimentos operacionais com o objetivo de prevenir, controlar e limitar a exposição das aves contidas em um sistema produtivo a agentes causadores de doenças.

As normas sanitárias no setor avícola brasileiro se intensificarem nos últimos anos, tendo o esforço da cadeia produtiva reconhecimento internacional, com o país ocupando o posto de maior exportador mundial da proteína. Para manter essa posição, é fundamental que as diretrizes de manutenção sanitária sejam implementadas e seguidas à risca nas granjas.

Dada a sua importância, a sanidade animal foi um dos temas centrais da 3ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul Ovos), realizada em novembro pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), reunindo quatro autoridades no assunto em Gramado, RS.

No painel sobre “Desafios para a manutenção do atual status sanitário avícola no Brasil”, a diretora do Comitê Estadual de Sanidade Avícola do Rio Grande do Sul (Coesa/RS), Tais Oltramari Barnasque, destacou as ações e os programas do governo federal desenvolvidos pelo Ministério de Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa), entre eles o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que tem como objetivo prevenir e controlar doenças de interesse na avicultura e saúde pública, definir ações que possibilitem a certificação sanitária do plantel e viabilizar a elaboração de produtos avícolas saudáveis aos consumidores. “É de suma importância o engajamento de toda cadeia produtiva e do setor público para manter o status sanitário do país. Esse é o maior bem que o Brasil possui e o que norteia o crescimento do setor”, enfatizou Tais.

A profissional destacou que os pilares de sustentação do status sanitário avícola brasileiro estão baseados na instituição do PNSA, na vigilância epidemiológica, no diagnóstico laboratorial, na biosseguridade e compartimento, na educação e comunicação, além da resposta rápida a emergências. “Quando notificado um foco, as medidas sanitárias para controle incluem interromper a multiplicação e a excreção do agente viral (sacrifício sanitário), reduzir a carga viral no meio ambiente (limpeza e desinfecção, barreira sanitária e biosseguridade), reduzir o número de animais suscetíveis, ou seja, proceder com o esvaziamento sanitário (abate) e reduzir o contato direto dos animais afetados, controlando as áreas de risco e da movimentação, com quarentena e zonificação”, orienta Taís.

Papel do Estado

Em seguida, a diretora do DDA/SEAPDR/RS, Rosane Collares, destacou as ações realizadas pelo Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA) vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr/RS). A estrutura de defesa sanitária animal no Estado gaúcho conta com 150 unidades locais, 330 escritórios regionais e dispõe de um Laboratório Estadual de Referência e de um Laboratório de Triagem, além de estar credenciado a um Laboratório Federal de Referência. “O papel do serviço oficial de sanidade avícola é promover ações de prevenção e de vigilância sanitária, que promovam o status sanitário do Estado, nosso maior patrimônio”, afirma.

Entre as atividades realizadas pelo DDA na cadeia avícola estão avaliação de risco para instalação ou ampliação das granjas comerciais, monitorias de certificação de granjas avícolas de reprodução, cadastramento e registro de granjas comerciais, investigação de suspeitas de Síndrome Respiratória e Nervosa em aves de subsistência, vigilância ativa para Influenza Aviária e Doença de Newcastle em aves de descarte e em sítios de aves migratórias, inquéritos epidemiológicos, prevenção, controle e vigilância para Salmonelas.

Por sua vez, o papel do órgão na indústria e no comércio é investigar suspeitas de Síndrome Respiratória e Nervosa em abatedouros, controlar o abate de aves de descarte, credenciar e fiscalizar a venda de aves vivas, além de inspecionar produtos de origem animal (Cispoa). “A saúde animal é um compromisso e deve ser interesse de todos, porque com as responsabilidades compartilhadas entre os setores público e privado, a saúde animal é fortalecida”, frisou.

Programa de Biosseguridade e Análise de Riscos

Em seguida, o epidemiologista e professor do Corb Science, Luis Gustavo Corbellini, discorreu sobre o programa de Biosseguridade e Análise de Riscos frente ao avanço de enfermidades, momento que enalteceu a importância de ações preventivas no setor avícola e citou alguns países que já realizam trabalhos de precaução e contenção de riscos a fim de evitar que doenças infecciosas ultrapassem as barreiras sanitárias. “Quando se tem um propósito bem definido, as ações estratégicas se convertem para alcançá-lo. O uso estratégico da Análise de Risco é definido para se reduzir os efeitos de uma possível doença, porque assim as chances de adotar ações ou medidas mitigatórias mais efetivas são maiores”, expõe.

A biosseguridade em avicultura estabelece a adoção de um conjunto de medidas e procedimentos operacionais com o objetivo de prevenir, controlar e limitar a exposição das aves contidas em um sistema produtivo a agentes causadores de doenças. Ao implementar e manter boas práticas de produção baseadas em biosseguridade, a cadeia produtiva minimiza o risco de introdução e disseminação de doenças nas granjas. “A biosseguridade é um conjunto de esforços globais dos governos para prevenir, responder e se recuperar de doenças e pragas que ameaçam a economia e o meio ambiente”, frisou o epidemiologista.

Neste contexto, o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) define procedimentos para o registro, a fiscalização e o controle sanitário dos estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa. “Contém medidas que orientam a cadeia produtiva a identificar e priorizar perigos, compreender, monitorar, gerir e comunicar os riscos, bem como fazer um plano de contingência”, pontua Corbellini.

Iniciativas para manter o status sanitário da avicultura

Após a diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sulivan Alves, tratou do tema “A iniciativa privada, suas ações e responsabilidades na prevenção sanitária”, ocasião que explanou sobre várias ações que têm sido feitas pelo setor privado, destacando que o público tem desempenhado um papel importante na mitigação dos riscos, mas que os produtores também precisam tomar seus cuidados na granja, assim como as agroindústrias no pré-abate e em todo processo da cadeia produtiva.

Entre as oportunidades de participação do setor privado nas atividades de preparação e resposta às emergências zoossanitárias, Sulivan cita que podem contribuir com a aquisição e manutenção de estruturas e recursos materiais, promover boas práticas agropecuárias – em especial a biosseguridade das criações, desenvolver ações de educação em saúde e de comunicação de risco, doar insumos para realização e validação de testes diagnósticos, participar e contribuir para a elaboração de planos de contingência oficiais, definir as fontes de recursos e os mecanismos que permitam rápida compensação financeira dos produtores afetados, incentivando a agilidade na notificação de suspeitas, fortalecer os fundos privados para saúde animal e incentivar a compartimentalização da cadeia produtiva.

Para blindar o sistema de produção da Influenza Aviária foi criado o Gepia (Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária), que tem entre suas atribuições fazer o levantamento dos banimentos com relação a notificação dos países, levantamento de documentos e atos normativos, elaborar manuais de biosseguridade, levantamento dos Fundos Estaduais, comunicação e imagem com campanhas visando a prevenção da doença, levantamento de dados sobre kits de EPI, rediscussão dos CSIs e discussão sobre uso de vacinas.

 

Fonte: O Presente Rural

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