06/12/2022 - Gripe aviária na América do Sul faz indústria brasileira reforçar medidas de biossegurança
Associação Brasileira de Proteína Animal, que representa a cadeia produtiva da avicultura, recomendou veto a visitas de brasileiros e estrangeiros a granjas.
O aumento dos casos de gripe aviária de alta patogenicidade (alto potencial de contágio) na América do Sul levou a indústria brasileira de aves a elevar o alerta de biosseguridade em granjas e outras instalações. Em comunicado divulgado ao setor, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a cadeia produtiva, recomendou aos associados o aumento no rigor da adoção de medidas preventivas para evitar a entrada da doença no país.
Em seu comunicado, a ABPA ressalta que o Brasil é área livre de gripe aviária. E, diante da situação na América do Sul, é preciso esforços para que o país mantenha seu status sanitário e a marca de nunca ter sido atingido por focos da doença, que já provocou a morte de milhões de aves em várias partes do mundo.
O aumento dos casos de gripe aviária de alta patogenicidade (alto potencial de contágio) na América do Sul levou a indústria brasileira de aves a elevar o alerta de biosseguridade em granjas e outras instalações. Em comunicado divulgado ao setor, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a cadeia produtiva, recomendou aos associados o aumento no rigor da adoção de medidas preventivas para evitar a entrada da doença no país.
Em seu comunicado, a ABPA ressalta que o Brasil é área livre de gripe aviária. E, diante da situação na América do Sul, é preciso esforços para que o país mantenha seu status sanitário e a marca de nunca ter sido atingido por focos da doença, que já provocou a morte de milhões de aves em várias partes do mundo.
Uma das principais recomendações é suspender qualquer visita às áreas produtivas, seja de brasileiros ou estrangeiros. Só deve ser permitida a entrada de pessoas única e diretamente envolvidas com as atividades no local.
Outras recomendações são a troca de roupas e sapatos sempre que for acessar a granja, desinfecção de todos os veículos que acessem a propriedade, evitar contato com aves de outras granjas e com aves silvestres de qualquer origem.
“Há um quadro sensível de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade no território sul-americano, desencadeado desde o fim de outubro. O Brasil, como todos sabemos, nunca foi acometido por essa doença – e com os esforços de todos, pretendemos nunca enfrenta-la”, ressalta o comunicado da ABPA.
Na América do Sul, foram registrados focos na Colômbia, Peru, Equador e Venezuela. Os governos peruano e equatoriano já decretaram situação de emergência em função dos surtos detectados nesses países.
A situação levou o governo da Argentina a anunciar um reforço nas medidas de biossegurança em suas fronteiras. O país não tem registro de focos de gripe aviária, mas o governo informou ter adotado a medida de forma preventiva. Em um encontro com autoridades provinciais, o governo federal pediu detecção precoce e notificação imediata de casos da doença.
Outro país que anunciou aumento na vigilância foi o Uruguai. Entre as recomendações do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca, estão elevar as medidas de biossegurança, restringir acesso de pessoas e veículos nas granjas, desinfecção e limpeza de materiais de trabalho, e evitar o contato de aves comerciais e silvestres. Identificado um caso suspeito, a orientação é notificar as autoridades do país o quanto antes.
No Brasil, o governo do Estado de Santa Catarina anunciou um reforço nas medidas de vigilância sanitária, sob o argumento de que a gripe aviária coloca em risco toda a produção local. Informou que está trabalhando em conjunto com a iniciativa privada para elevar a medidas de biosseguridade nas granjas do Estado.
Em meados de novembro, ainda em função do caso de gripe aviária detectado na Colômbia, o Ministério da Agricultura divulgou um comunicado alertando para a necessidade de elevar medidas de prevenção. Entre as ações, recomendava a notificação imediata às autoridades de qualquer caso que possa ser suspeito.
Ressaltava ainda a necessidade de cumprimento das normas de vigilância e a importância dos produtores estarem sempre atentos às condições de biosseguridade nas granjas.
Com a confirmação de mais casos de gripe aviária na América do Sul, a Globo Rural entrou em contato com o Ministério para saber se houve alguma mudança na avaliação de risco de contágio pela doença no Brasil e se novas medidas estão sendo avaliadas. A pasta não respondeu até a conclusão desta reportagem.
Vulnerabilidades
Maior exportador mundial e segundo maior produtor de carne de frango, o Brasil possui características geográficas e produtivas que permitiram ao país passar incólume aos focos que surgiram no continente ao longo dos últimos anos, segundo explica o pesquisador da Embrapa Aves e Suínos Luizinho Caron. No entanto, alerta, há a possibilidade do vírus chegar ao território brasileiro.
“Existe a possibilidade porque está mais próximo, mas, por outro lado, nunca tivemos surtos de alta virulência e o Ministério da Agricultura tem um plano e continua fazendo a vigilância ativa e passiva em animais, principalmente aves soltas próximas a regiões de água como nosso litoral, lagos e lagoas onde as aves migratórias fazem o seu pousio”, observa o especialista.
Ele ressalta ainda que as granjas brasileiras estão concentradas em áreas secas e, portanto, longe da rota de aves migratórias. “Não existe um sistema 100% seguro e risco zero. Sempre terá algum grau de risco e o que ele tem que ser é controlado e por outro lado um sistema de vigilância que capte o mais cedo e precocemente possível a ocorrência da doença. Quanto mais cedo for diagnosticada, mais rápido é eliminada e não se alastra nem se dissemina para a produção próxima, restringindo o prejuízo a uma zona menor”, diz.
No Brasil, é obrigatória a notificação ao Ministério da Agricultura de qualquer episódio de mortandade acima de 15% em planteis de aves. Mas, apesar do maior controle sanitário realizado pelo país desde o início dos anos 2000, quando os primeiros casos apareceram no continente, Luizinho Caron lembra que o aumento da produção brasileira é um ponto de vulnerabilidade, com mais granjas e maior número de aves suscetíveis.
“Certamente que nesse aspecto sanitário, na maioria deles estamos melhor. Mas também tem coisas que pioraram como a maior concentração de aviários. Nossa produção é maior, tem mais aviários e mais próximos uns dos outros. Então, embora na maioria das questões tenhamos avançado positivamente, também há algumas intrínsecas à própria natureza da produção que aumentam um pouco a nossa vulnerabilidade”, pontua o pesquisador.
Risco sanitário e comercial
Além do risco sanitário, de perdas severas na produção, a gripe aviária representa um risco comercial para o país onde o foco da doença é identificado. No caso do Brasil, o fato de nunca ter registrado casos de influenza e ser considerado zona livre tem sido apresentado por representantes do setor como um diferencial competitivo para ganho de espaço no mercado internacional.
De janeiro a outubro deste ano, as exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 394 mil toneladas, baixa de 0,8% em comparação com o mesmo período no ano passado. A receita dos exportadores somou US$ 8,195 bilhões, aumento de 29,3%, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Recentemente, a indústria brasileira de carne de frango comemorou o aumento da cota de exportação para o Reino Unido. Um acordo entre autoridades dos dois países revisou as cotas estabelecidas logo depois do país deixar de integrar a União Europeia. E a expectativa é de maior participação do Brasil neste mercado.
De acordo com a ABPA, a ocorrência de influenza aviária não coloca em risco a saúde humana. Portanto, para o mercado interno, a restrição de trânsito e comércio de animais por causa do problema sanitário fica restrito à área do estabelecimento onde a doença foi detectada.
Já em relação às exportações, a entidade destaca que, conforme as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), caso a gripe aviária seja identifica em aves silvestres, não há impedimento do comércio internacional. No entanto, se houver foco da doença em plantel de produção ou comercial, avaliação é feita caso a caso a depender das regras previstas no protocolo sanitário.
No caso de um país determinar que o Brasil tenha o status de livre de gripe viária, independentemente da região onde o foco da doença tenha sido identificado, pode ocorrer um bloqueio de importações até que todos os casos sejam eliminados e o mercado brasileiro recupere a condição sanitária internacional.
Fonte: Globo Rural