05/04/2022 - Avanço da gripe aviária no mundo deixa setor em alerta
O Brasil é o único entre os grandes produtores mundiais de aves a nunca registrar um caso de influenza aviária em seu território - e para garantir a sustentabilidade do setor é essencial que continue assim. O mundo observa, especialmente no Hemisfério Norte, um avanço de casos da gripe aviária altamente patogênica (HPAI) e a cadeia de produção do Rio Grande do Sul está em estado de alerta para garantir a continuidade da sanidade no setor.
Mais de 40 países relataram casos nos três primeiros meses do ano à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). Somente em março, nos Estados Unidos, 20 milhões de aves já foram afetadas pelo vírus em 24 dos 50 estados da nação norte-americana, de acordo com o Serviço de Inspeção Sanitária em Animais e Plantas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 930 surtos de influenza aviária foram registrados em granjas ao redor do mundo. Na última semana de março, a Romênia abateu 34 mil aves, após um surto que já havia matado quase 7 mil, de acordo com o portal de notícias Euro Meat News. Outros abates em massa também foram registrados em Israel (63 mil aves), na Espanha (18,9 mil aves) e em outros países.
Neste momento, o Brasil se posiciona no comércio internacional como um importante fornecedor de carne de frangos saudáveis. “Nosso status sanitário é um diferencial competitivo fundamental. Neste momento em que vários grandes produtores enfrentam dificuldades com a influenza aviária, o Brasil, que tem status livre, permanece como fornecedor seguro de proteína animal para o mundo. Não podemos baixar a guarda, especialmente neste momento tão sensível, com diversos desafios em curso para o fornecimento global de proteína animal”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
“Nós não podemos ter influenza aviária no Brasil”, afirma o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. “Seria uma catástrofe. Atingiria nossos setores e setores ligados indiretamente. Então vamos fazer esse trabalho de fortalecer os cuidados junto aos produtores, integradoras e empresas em relação à biosseguridade”, disse ele.
Diante da situação global, entidades ligadas ao agronegócio como Asgav, ABPA, Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) e Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) estão em estado de atenção. Segundo o chefe da divisão de defesa sanitária animal da Seapdr, Fernando Groff, é justamente pela atenção e investimento na biosseguridade nas propriedades que o País esteve, até o momento, livre de casos da influenza aviária.
"Não tivemos casos no Brasil graças principalmente ao investimento em biosseguridade. O Estado, por ser um grande produtor, sempre teve preocupação com isso. A gente segue o trabalho de vigilância, faz o monitoramento de aves selvagens que vêm, mas a biosseguridade é talvez o ponto mais importante”, disse Groff.
Ele explica que o Brasil não está livre do risco de ter casos da gripe aviária muito em conta do processo migratório natural das aves selvagens. Por isso, o trabalho de prevenção mais importante é fortalecer a biosseguridade individualmente junto às propriedades produtoras. “A fronteira sanitária nem é tanto o caso, porque vêm muita ave migratória, mas sim, fortalecer a biosseguridade das granjas, do sistema como um todo - questão de registrar movimentação, fazer o monitoramento dessas aves que vem de forma natural. É uma forma de abranger todas as possibilidade de um risco maior”, explicou Groff.
Ele destaca também que a responsabilidade do produtor é essencial para a preservação do setor. “É ele quem avisa, é a pessoa que está todo dia dentro do galpão vendo seus animais”, relata.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV